Seduzir com prazer

Ao criar este blogue, a ideia foi partilhar a minha experiência adquirida ao longo de 20 anos de frequência em sites, chats e redes sociais. Teclei, conversei, conheci muitas pessoas e vivi experiências que foram a vertente prática da minha aprendizagem. A net, com a possibilidade de nos relacionarmos anonimamente, veio trazer novas formas de interagirmos uns com os outros.

O objetivo deste blog é, através da partilha, ajudar a que todos nós compreendamos melhor esta nova realidade (Para mim, com início por volta do ano 2000), e com isso estimular a reflexão de temas como o amor, o sexo e os relacionamentos em geral. Assim, publicarei algumas histórias por mim vividas, reflexões, informação que ache relevante, históricos de conversas, e algumas fotos sensuais de corpos de mulheres com quem troquei prazer e que tive o privilégio de fotografar. Todos os textos e fotos que vou publicando, não estão por ordem cronológica, e podem ter acontecido nos últimos 20 anos ou nos últimos dias. Todas as fotos e conversas publicadas, têm o consentimento dos intervenientes.

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14.5.13

IS020 Tendências do amor e do sexo


Uma amiga minha enviou-me o link para esta entrevista da psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, por saber que reflecte bem a minha forma de pensar e de viver a minha sexualidade.

De facto, concordo com tudo o que a Regina diz, e é com o objectivo de partilhar e divulgar a forma de viver a minha sexualidade, e de denunciar a hipocrisia de quem se diz monogâmico mas está sempre a saltar a cerca, que publico os conteúdos do meu blog. A ideia também é abrir um espaço de debate entre os leitores através dos comentários, onde os leitores possam dar as suas opiniões e partilhar as suas experiências.

Para mim, (e achei piada ouvir o Ricardo Araújo Pereira dizer isso no programa “Governo Sombra”), de todas as taras sexuais, a mais bizarra será a abstinência, e a segunda a monogamia… hehehehe… muito bom.

Tal como eu sempre disse, e como sem hipocrisia todos nós sabemos, o natural no ser humano é sentir atracão sexual por mais que uma pessoa. Também sempre disse, até porque já vivi essa experiência na minha vida, é possível amar uma pessoa, e termos atracção sexual por outras, ou mesmo amarmos uma pessoa e apaixonarmo-nos por outra, ou até amarmos mais que uma pessoa de cada vez.

Embora os monogâmicos em série continuem a dizer que isso não é possível, quem já passou por essa experiência sabe que é possível. Já é tempo de encararmos esta realidade de frente, e embora cada um deva viver a sua vida amorosa e sexual como muito bem entender, já é tempo de aceitarmos esta realidade como normal e deixar de criticar quem quer viver a sua viva emocional e sexual de forma diferente dos paradigmas instalados na nossa sociedade.

“Você sente calafrios só de pensar que não tem domínio sobre a vida sexual do seu parceiro ou parceira? Segundo a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, acreditar que é possível controlar o desejo de alguém é apenas uma das mentiras do amor romântico.

"É comum alimentar a fantasia de que só controlando o outro há a garantia de não ser abandonado", afirma ela, que lançou recentemente  "O Livro do amor" (Ed. Best Seller). Dividida em dois volumes ("Da Pré-História à Renascença" e "Do Iluminismo à Atualidade"), a obra traz a trajetória do amor e do sexo no Ocidente da Pré-História ao século 21 e exigiu cinco anos de pesquisas.


Regina, que é consultora do programa "Amor & Sexo", apresentado por Fernanda Lima na Rede Globo, acredita que, na segunda metade deste século, muita coisa ainda vai mudar: "Ter vários parceiros será visto como natural. Penso que não haverá modelos para as pessoas se enquadrarem", diz ela. Leia a entrevista concedida pela psicanalista ao UOL Comportamento. 


UOL Comportamento: Na sua pesquisa para escrever "O Livro do Amor", o que você encontrou de mais bonito e de mais feio sobre o amor?


Regina Navarro Lins: Embora "O Livro do Amor" não trate do amor pela humanidade, e sim do amor que pode existir entre um homem e uma mulher, ou entre dois homens ou duas mulheres, a primeira manifestação de amor humano é muito interessante. Ela ocorreu há aproximadamente 50 mil anos, quando passaram a enterrar os mortos –coisa que não ocorria até então– e a ornamentar os túmulos com flores. O que encontrei de mais feio no amor foi a opressão da mulher e a repressão da sexualidade. 


UOL Comportamento: Como você imagina a humanidade na segunda metade deste século?


Regina: Os modelos tradicionais de amor e sexo não estão dando mais respostas satisfatórias e isso abre um espaço para cada um escolher sua forma de viver. Quem quiser ficar 40 anos com uma única pessoa, fazendo sexo só com ela, tudo bem. Mas ter vários parceiros também será visto como natural. Penso que não haverá modelos para as pessoas se enquadrarem. Na segunda metade do século 21, provavelmente, as pessoas viverão o amor e o sexo bem melhor do que vivem hoje.


 UOL Comportamento: Você fala sobre as mentiras do amor romântico. Quais são elas? 


Regina: O amor é uma construção social; em cada época se apresenta de uma forma. O amor romântico, que só entrou no casamento a partir do século 20, e pelo qual a maioria de homens e mulheres do Ocidente tanto anseia, não é construído na relação com a pessoa real, que está ao lado, e sim com a que se inventa de acordo com as próprias necessidades.


Esse tipo de amor é calcado na idealização do outro e prega a fusão total entre os amantes, com a ideia de que os dois se transformarão num só. Contém a ideia de que os amados se completam, nada mais lhes faltando; que o amado é a única fonte de interesse do outro (é por isso que muitos abandonam os amigos quando começam a namorar); que cada um terá todas as suas necessidades satisfeitas pelo amado, que não é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo, que quem ama não sente desejo sexual por mais ninguém.


A questão é que ele não se sustenta na convivência cotidiana, porque você é obrigado a enxergar o outro com aspectos que lhe desagradam. Não dá mais para manter a idealização. Aí surge o desencanto, o ressentimento e a mágoa.


UOL Comportamento:  Por que você diz que o amor romântico está dando sinais de sair de cena?


Regina: A busca da individualidade caracteriza a época em que vivemos; nunca homens e mulheres se aventuraram com tanta coragem em busca de novas descobertas, só que, desta vez, para dentro de si mesmos. Cada um quer saber quais são suas possibilidades, desenvolver seu potencial.


O amor romântico propõe o oposto disso, pois prega a fusão de duas pessoas. Ele então começa a deixar de ser atraente. Ao sair de cena está levando sua principal característica: a exigência de exclusividade. Sem a ideia de encontrar alguém que te complete, abre-se um espaço para outros tipos de relacionamento, com a possibilidade de amar mais de uma pessoa de cada vez. 


 UOL Comportamento: E como fica o casamento?


Regina: É provável que o modelo de casamento que conhecemos seja radicalmente modificado. A cobrança de exclusividade sexual deve deixar de existir. Acredito que, daqui a algumas décadas, menos pessoas estarão dispostas a se fechar numa relação a dois e se tornará comum ter relações estáveis com várias pessoas ao mesmo tempo, escolhendo-as pelas afinidades. A ideia de que um parceiro único deva satisfazer todos os aspectos da vida pode vir a se tornar coisa do passado.  


UOL Comportamento: Só de pensar na possibilidade de ter um relacionamento em que a monogamia não é uma regra, muitos casais têm calafrios. Porque?


Regina: Reprimir os verdadeiros desejos não significa eliminá-los. W.Reich [psicanalista austríaco] afirma que todos deveriam saber que o desejo sexual por outras pessoas constitui parte natural da pulsão sexual. 


Pesquisando o que estudiosos do tema pensam sobre as motivações que levam a uma relação extraconjugal na nossa cultura, fiquei bastante surpresa. As mais diversas justificativas apontam sempre para problemas emocionais, insatisfação ou infelicidade na vida a dois.


Não li em quase nenhum lugar o que me parece mais óbvio: embora haja insatisfação na maioria dos casamentos, as relações extraconjugais ocorrem principalmente porque as pessoas gostam de variar. As pessoas podem ter relações extraconjugais e, mesmo assim, ter um casamento satisfatório do ponto de vista afetivo e sexual.


 A exclusividade sexual é a grande preocupação de homens e mulheres. Mas ninguém deveria se preocupar se o parceiro transa com outra pessoa. Homens e mulheres só deveriam se preocupar em responder a duas perguntas: Sinto-me amado(a)? Sinto-me desejado(a)? Se a resposta for "sim" para as duas, o que o outro faz quando não está comigo não me diz respeito. Sem dúvida as pessoas viveriam bem mais satisfeitas. 


 UOL Comportamento: Como as pessoas poderiam viver melhor no amor e no sexo?


Regina: Para haver chance de se viver a dois sem tantas limitações, homens e mulheres precisam efetuar grandes mudanças na maneira de pensar e de viver.


Acredito que para uma relação a dois valer a pena, alguns fatores são primordiais: total respeito ao outro e ao seu jeito de ser, suas ideias e suas escolhas; nenhuma possessividade ou manifestação de ciúme que possa limitar a vida do parceiro; poder ter amigos e programas em separado; nenhum controle da vida sexual do parceiro, mesmo porque é um assunto que só diz respeito à própria pessoa. 


Poucos concordam com essas ideias, pois é comum se alimentar a fantasia de que só controlando o outro há a garantia de não ser abandonado. A questão é que não é tão simples. Para viver bem é preciso ter coragem.”


Fonte: http://mulher.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2012/12/08/ninguem-deveria-se-preocupar-se-o-parceiro-transa-com-outra-pessoa-diz-psicanalista.htm


Todos nós sabemos que a monogamia forçada, com o controle da vida do amado/a não é a solução para manter um relacionamento. Se quisermos que os relacionamentos durem mais tempo, e sejam de facto relacionamentos felizes e em total liberdade dos intervenientes, temos mesmo que começar a mudar a forma de nos relacionarmos uns com os outros, e independentemente de cada um se relacionar com o seu amado/a como muito bem entender, é tempo de todos nós aceitarmos as opções dos outros mesmo que sejam diferentes das nossas.

Sempre achei mal e me debati contra aqueles que optando por um tipo de relacionamento monogâmico em série, critiquem quem pensa e vive os seus relacionamentos de forma diferente.

12 comentários:

Anónimo disse...

Como percebo tão bem disto... Agora preciso é que a mentalidade que tenho ao meu lado tb mude...

Patrícia disse...

Continuo a dizer que o que importa é sinceridade e maturidade. Tudo vem daí.

Anónimo disse...

Concordo em absoluto com a Rede de Relações Livres que defende que:
“Queremos o fim da miséria monogâmica. Não toleramos subnutrição amorosa e carência afetiva; temos múltiplos amores, beijamos com prazer muitas pessoas e amamos no plural”.

Emocionalmente é bem mais gratificante e enriquecedor, sabem porquê???
“Num relacionamento monogâmico, um pilar segura um prédio de 20 andares. Na relação livre são vários pilares que seguram um prédio inteiro. Portanto, se um desaba, o prédio ainda se mantém”.

Desde que as relações que se constroem sejam autênticas e verdadeiras e com base numa sincera amizade, que se goste daquela pessoa porque se gosta, sem qualquer interesse escondido ou subvercivo e que seja bom enquanto dure, sem promessas e utopias.

Penso eu de que...

Nikita

Anónimo disse...

A autora do livro Regina Navarro Lins entrevistada pela Marília Gabriela:

http://carmencarmina.blogspot.pt/2013/05/rli-entrevista-com-regina-navarro-lins.html

xarmus disse...

Olá Manuela Marques

Pois... é ires tentado falar no assunto. Dizeres que leste umas coisas aqui e outras ali e tal... e vais vendo a receptividade.

Beijoca

xarmus disse...

Olá Patrícia

Claro... com esses dois ingredientes, mais o amor e a cumplicidade... tudo se conversa e tudo se resolve.

Beijocas boas

xarmus disse...

Olá Nikita

... nem mais.

Beijocas boas

xarmus disse...

Olá Anónima/o

Obrigado pela dica... vou publicá-la no meu próximo post

Abreijo

José Pedro disse...

Pena é que a sociedade considere incorreto este comportamento descrito no artigo, se fosse uma pratica corrente o aqui descrito a vida no seu geral seria bem mais prazeirosa e simples.

xarmus disse...

Olá José Pedro

è verdade. Mas felizmente isso está a mudar. Vê o ultimo post que é uma entrevista com Regina Navarro Lins onde ela explica isso.

É também com esse objectivo que o meu blog e outros do mesmo género existem. Todos nós devemos predispormo-nos a discutir e não deixar passar sem resposta, as opiniões retrogradas, conservadoras e opressoras, porque todos temos o dever de tentar mudar mentalidades hipócritas, que querem perpetuar um determinado tipo de pensamento castrador e opressor, que nem eles próprios seguem.

A grande maioria dos monogâmicos em série trai o seu cônjuge apesar de continuar a dizer que concorda com e pratica a monogamia.

A traição é isso mesmo. São pessoas que se dizem monogâmicas e que traem o seu parceiro. Para um poliamorista ou um relações livres a traição amorosa, não existe.

Anónimo disse...

Na monogamia o outro e tratado muitas vezes como propriedade, dai nasce a possessividade, a intolerância e com o tempo o desgaste da relação. Existem estudos que comprovam que as relações abertas duram muito mais que uma monogâmica, isso se deve ao fato dos parceiros terem plena confiança um no outro para expor seus desejos e irem em busca da sua satisfação, ou seja, quem ama não quer o outro como sua posse, ou como a satisfação de suas idealizações. Quem ama quer o outro livre e feliz. Infelizmente vivemos em uma sociedade extremamente hipócrita onde o homossexualismo é visto como uma "doença", quem tem gostos excêntricos no sexo é "pervertido", onde um padre é excomungado por falar que é a favor do relacionamento aberto e dizer "quando há consentimento dos parceiros não podemos dizer que houve traição"; e outro padre por ter cometido pedofilia é acobertado pela igreja não sendo nem julgado pela justiça (cúmulo do absurdo)...não sei ai em Portugal, mas aqui no Brasil é só eu olhar para o jornal para ver hipocrisia aos montes...bjs
FS

xarmus disse...

Nem mais FS... aqui é exactamente a mesma coisa. Nesse aspecto os nossos países são muito parecidos.

Beijocas boas para ti e obrigado pelo teu comentário